Isolamento social reduz em 20% as internações por tentativas de suicídio.
De janeiro a agosto de 2019, o maior hospital público do interior de Alagoas registrou 507 casos de tentativas de suicídio
A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) tem revelado uma mudança significativa na rotina da vida das pessoas, com reflexos positivos em um item que sempre chamou a atenção na área da saúde pública no interior de Alagoas: os casos de tentativas de suicídio.
Nesta quinta-feira (10), relatório divulgado pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Hospital de Emergência do Agreste, em Arapiraca, aponta uma redução de 20% nos casos de internação de pessoas que, por alguma razão, tentaram tirar a própria vida.
De janeiro a agosto de 2019, o maior hospital público do interior de Alagoas registrou 507 casos de tentativas de suicídio.
O levantamento mostra que, no mesmo período de 2020, o HE do Agreste atendeu 398 pessoas. “Apesar da significativa queda de pessoas internadas, principalmente a partir do mês de maio, devido ao isolamento social para a prevenção do novo coronavírus, o número ainda é alto, com mais de um caso por dia”, salienta a coordenadora do núcleo, a assistente social Ana Lúcia Lima.
Ela explica que a criação do Núcleo de Vigilância Epidemiológica ocorreu no ano de 2007 e, desde então, o Hospital de Emergência do Agreste vem notificando e monitorando os casos de pacientes internados por conta de tentativas de suicídio.
“Essa redução nos surpreendeu, mas os números ainda chamam a atenção das autoridades sanitárias, merecem uma atenção especial e clamam por medidas de prevenção, tanto dos municípios na área da atenção à saúde mental das pessoas, quanto das famílias dos pacientes”, observa Ana Lúcia Lima.
Para a psicóloga Mônica Leal, que coordena há quatro anos, no HE do Agreste, o projeto Preparando a Volta Para Casa, os números de tentativas de suicídio sempre foram muito altos em toda a região.
“A gente esperava uma redução dos casos, porque a pandemia veio nos mostrar que a solidariedade e o amor podem vencer a Covid-19. As famílias estão mais unidas para almoçar, jantar, conversar, ouvir um ao outro com os seus pensamentos e emoções”, explica a psicóloga.
Diálogo e compreensão
Ainda de acordo com Mônica Leal, antes da pandemia do novo coronavírus, as pessoas viviam isoladas em suas próprias casas e unidas, muitas vezes, apenas através de aparelhos eletrônicos, sem demonstração de carinho, amor e ajuda para superar os problemas cotidianos.
“Toda a tecnologia não era suficiente para acabar com as angústias e ansiedades. Agora, as pessoas passaram a interagir mais, conversar e brincar juntas, com os pais mais próximos dos filhos e os maridos mais próximos das suas esposas. Estamos muito felizes com esses dados. Eles mostram que o dinheiro sem amor não é nada e que é possível acreditar que o bem existe, o amor e a coletividade estão acima dos interesses pessoais”, complementa a psicóloga.
Redação com assessoria
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