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Morre aos 91 anos Antônio Gomes dos Santos, Guardião das Águas do São Francisco.

Nasceu em Penedo (AL) no dia 12 de dezembro de 1931. Seu pai lhe ensinou a pescar a partir dos 10 anos de idade. No entanto, ficou órfão de pai quando tinha 12 anos.

Começou a escrever poesias quando estudava numa escola pública da cidade, incentivado por suas professoras, mas precisou abandonar os estudos quando o pai faleceu, e foi trabalhar para ajudar a mãe a criar os filhos.

Ingressou nas Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica em 1969, iniciando um trabalho de ajuda a pessoas desassistidas da cidade. Depois, direcionou suas atividades para a defesa dos pescadores artesanais; trabalho que foi intensificado com o apoio da Pastoral dos Pescadores, da qual passou a fazer parte e sempre tendo como farol os ensinamentos de Cristo, no Novo Testamento.

Participou da luta pela inclusão de direitos dos pescadores e pescadoras artesanais na Constituição de 1988. Logo depois, foi criado o MONAPE – Movimento Nacional dos Pescadores – no qual passou a lutar mais ainda.

Enfrentou vários desafios até que, em 1986, foi eleito Presidente da Federação dos Pescadores do Estado de Alagoas, onde continuou a luta em defesa dos pescadores artesanais e das águas do Estado. Nesta função, ampliou sua ação em encontros nacionais, onde outros companheiros também lutavam pelas mesmas causas.

Graças às atividades realizadas por um grupo de católicos (um frei, uma freira, um sociólogo e um agricultor) durante um ano de  Peregrinação da nascente à foz do rio, em 1995,  foi escolhido, na qualidade de  representante dos ribeirinhos do Baixo São Francisco, para ir à Europa junto com representantes dos outros trechos do rio. Além de palestras na Áustria e na Alemanha, a equipe recebeu o Prêmio ARCEBISPO ROMERO – cujo objetivo era “apoiar e divulgar iniciativas que tragam contribuições para novas formas de ação social”.

Compôs a primeira diretoria do Conselho Nacional dos Recursos Hídricos, tendo sido empossado para três biênios (2003-2010) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).

Em 2003, foi publicado seu primeiro livro – Pescando Cidadania, que reúne poemas sobre o rio São Francisco, a pesca artesanal e sua luta em defesa dos direitos dos pescadores e do meio ambiente. Duas novas edições ampliadas já foram publicadas.

Em reconhecimento pela sua luta, recebeu vários prêmios. Dentre estes: Menção Honrosa Prêmio Verde do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas; medalha de Ordem ao Mérito “Barão de Penedo”, da Prefeitura Municipal de Penedo; Prêmio Muriqui, do Conselho Nacional da Biosfera da Mata Atlântica; Personalidade da Bacia, concedido pela Diretoria Executiva do CBHSF; do Governo do Estado de Alagoas recebeu “a mais alta condecoração a pessoas que contribuíram diretamente com a preservação da água no Estado” – a Comenda Guardião das Águas; a Comenda Guardião das Águas do São Francisco foi concedido pela Câmara de Vereadores de Penedo.

Na 6ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental, em 2019, foi homenageado com o Curta “O poeta do Barro Vermelho”, que contou um pouco da sua história em desenho animado, e foi ele próprio o narrador. O filme recebeu os prêmios do Júri Popular e do Júri Oficial.

 

Por: Arnaldo

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