Dez militares envolvidos em morte de músico já estão presos, informa Exército.
Dez militares envolvidos na morte do músico Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, que teve o carro fuzilado na tarde deste domingo em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, foram presos em flagrante. Segundo o Comando Militar do Leste, foi determinado o afastamento imediato dos militares envolvidos pela “inconsistência dos fatos reportados”. Em nota, o Exército havia afirmado que os militares revidaram “injusta agressão” de criminosos. Eles foram encaminhados à Delegacia de Polícia Judiciária Militar para tomada de depoimentos.
Os envolvidos serão julgados pela Justiça Militar. Segundo o chefe do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), delegado Antônio Ricardo Nunes, a justificativa é a lei sancionada pelo ex-presidente Michel Temer em 2017, que tirou da Justiça comum crimes cometidos por militares em serviço.Em 13 de outubro de 2017, Temer sancionou a lei 13.491, que amplia as possibilidades de militares suspeitos de crimes cometidos no exercício da função deixarem a Justiça comum e serem julgados na Justiça Militar, em caso de crimes contra civis.
As regras estabelecidas pela lei valem para casos de homicídios dolosos (com a intenção de matar) e outros crimes dolosos contra a vida, como tentativa de homicídio, durante operações de paz e de garantia da lei e da ordem (GLO). E também durante o cumprimento de tarefas estabelecidas pelo presidente da República ou pelo ministro da Defesa e em ações que envolvam a segurança de instituições militares ou de missões militares.
Militares dispararam mais de 80 tiros
Segundo a Polícia Civil, nove militares do Exército dispararam mais de 80 tiros contra o carro em que Evaldo estava com a mulher, o filho de 7 anos, além de uma afilhada do casal, de 13, e o sogro dele, Sérgio Gonçalves de Araújo, de 59 anos. A família estava indo para um chá de bebê. Evaldo, que além de músico, trabalhava como segurança, morreu na hora. Baleado nos glúteos, Sérgio está internado no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste do Rio.
Parentes e amigos dizem que as vítimas foram confundidas com bandidos.
— Quando eles (os militares) começaram a atirar, minha tia pegou meu primo no colo e mostrou que era um carro de família, mas eles não pararam — relatou um sobrinho de Evaldo.
— Foram diversos, diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares — afirmou o delegado em entrevista à TV Globo.
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